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Acho também que a troca seria perfeita se deixassem um comentário, eu adoraria! Mara Araujo

domingo, 12 de janeiro de 2014


Luares e crepúsculos, e a casa vazia. As palavras que não veem, caem como gotas no papel como se recusando ao texto, a uma intimidade enjoativa impregnada de mim. Uma casa velha, mal pintada onde ruídos atravessam as paredes e me assusta. Madressilvas, narcisos e brincos de princesa, já não existem mais. Sinto-me só, disponível e atenta aos murmúrios do tempo, que não param nunca! O mundo está ao meu redor cheio de cores que não consigo ver. Nada me toca... Concedo-me o mundo e não o vejo. Um muro de silencio entre o mundo e eu. Inquietações e vazio a minha volta, existe um futuro a minha frente, eu o vejo sem projetos, sem causa, sem desejos, plano e nu, minuto a minuto. Sou como rocha batida por vagas no mar. A palavra se descompõe e me assusto, em um deserto que criei e persisto em manter, porque não sei como mudar, endureci e o tempo se foi levando todas as mudanças que teriam que ser. O silencio produz frutos amargos e eu tento relaxar, até sorrir, mas soa falso, mentiroso e cruel. Preciso parar mudar andar, sorrir sonhar, ter desejos e vontades entranhados em mim como droga injetada na veia, que ilude, que induz, seduz... Puxar as cortinas e ver o mar, as flores e parar de ter medo, ter coragem de chegar, parar de colher gotas de palavras e falar, recomeçar, ver a lua brilhar, banhar-me de luar num renascimento singular, e esse instante, se bastara!

Mara Araujo


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