E a terra se fez barro...
Tanta sabedoria, tanta individualidade, tantos desejos inúteis...
Que me perco. Fico aqui deitada conversando com as palavras, tentando
entende-las e assimilar, com o coração totalmente irracional e aquela sensação
que retrai os músculos da face e antecede ao choro. Pareço um verme ou uma
caverna escura, cheia de barreiras e contradições por não ter feito nenhum mal necessário
ou merecido, que apenas sai por ai arrastando sonhos e pedras. Quero comer as
palavras, mastigar, engolir todos os significados, códigos, labirintos e
prisões. Palavras tão novas... Quero sorrir, voar, rastejar até a última dor.
Crucificar meu corpo no tempo até ele parar de querer. E me enrosco nos lençóis
enquanto a noite desce tão cheia de significados inumanos, desumanos, enquanto
corro atrás de algum sentido com essa dor entranhada e farta de expectativas, humana
até o desespero. Sensação de morte, ruptura, fim. Desejo íntimo e absurdo
enquanto penso, que memorias tem? E fico aqui, desbravando palavras, escadas,
hidrantes, cactos e umbigos. Selva rasteira...
Mara Araujo
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